NORTH BAY ROAD | Gestos escultóricos bem resolvidos sempre acrescentam um verbete extra ao princípio básico da arquitetura enquanto forma e função: a emoção. Para a residência de ares minimalistas, texturas naturais e materiais claros, debruçada nas planícies da Fazenda Boa Vista, condomínio residencial cercado por vegetação exuberante no interior de São Paulo, o arquiteto Murilo Lomas explorou bastante a interação do terreno de 790 m² com os arredores, ao delinear 427.8 m² de área construída com um traçado que evidencia os planos retos, puristas, equilibrados, flutuando sobre um grande vão livre. É nesse “hiato” que brota uma escada helicoidal – o tal elemento escultórico –, levíssima, de efeito quase “esvoaçante”, em madeira laminada colada, que emerge no meio da construção para promover o acesso ao segundo pavimento. A volumetria deste grande bloco, também em paleta neutra, explode em meio ao entorno da mata verdejante, protagonista do conceito que também traz recursos ousados (e bem sacados) no detalhamento. Um dos mais interessantes deles: a aplicação de espelhos imensos nas janelas, rebatendo a vista em resultado cinematográfico.